Cia. Arthur-Arnaldo estreia montagem de AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho 

Consumo, descarte, abundância, miséria, descontrole climático e relações desumanizadas. Estas e outras questões estão presentes na montagem do texto do dramaturgo argentino Rodrigo García, dirigida por Soledad Yunge, que também assina a tradução

Carú Lima, Júlia Novaes e Tuna Serzedello estão em cena no espetáculo AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho | Crédito: Soledad Yunge

Existe esperança num mundo onde a abundância se tornou nossa sentença de morte? É essa a reflexão que norteia o provocativo AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho (2004), do dramaturgo argentino radicado na Espanha Rodrigo García. A peça ganha uma nova montagem brasileira, desta vez idealizada pela Cia Arthur-Arnaldo.

A temporada acontece entre os dias 6 e 29 de abril de 2023, às quintas e sextas, às 20h, e, aos sábados, às 18h, na Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, SP). Os ingressos são gratuitos.

Na trama, um homem volta frustrado do supermercado, dá uma surra  na sua família e resolve levá-la para jantar fora. No cardápio, asinhas de frango frito dividem espaço com doses de tragédia e esperança.

Ele precisa lidar com um problema que parece estranho a uma sociedade com tantas opções de serviços, produtos e marcas: essa abundância, na verdade, gera descarte, miséria, descontrole climático e relações desumanizadas. “Ele surta porque se vê aprisionado num sistema do qual não consegue sair”, afirma a diretora Soledad Yunge, que também assina a tradução do texto. Esse homem está imerso na permacrisis, termo utilizado para descrever um estado prolongado (ou permanente) de insegurança e instabilidade. Inclusive, esta foi escolhida a palavra do ano de 2022 pelo dicionário Collins. Em cena, o núcleo artístico do grupo:  Carú Lima, Júlia Novaes e Tuna Serzedello.

Uma sociedade de excessos

Para a Cia. Arthur-Arnaldo, o excesso de resíduos é a melhor maneira de representar visualmente essa sociedade adoecida, centrada no consumo. Por isso, o cenário concebido por Julia Reis e Lucas Bueno (estúdio lava) é todo composto por material reciclável. Uma das inspirações é o coletivo espanhol Basurama, que se dedica à investigação,  criação e produção cultural/ ambiental a partir de elementos descartáveis.

Esse pensamento também estimulou as criações do figurinista Rogério Romualdo que propõe várias camadas de vestimentas, transmitindo para a plateia a ideia de acúmulo.  

“O texto fala sobre um sistema de consumo e acumulação, e quisemos focar na questão do descarte como resultado desse sistema. Até porque, é um ciclo que não tem fim: quanto mais se consome, mais se descarta, a ponto de vermos absurdos, como as montanhas de roupas jogadas no Deserto do Atacama, o oceano de plástico e as constantes tragédias ”, comenta Soledad Yunge.   

Em termos de linguagem, a montagem de AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho da Cia. Arthur-Arnaldo opta por um trabalho a partir da linguagem do bufão e uma diversidade de procedimentos de movimento.“Rodrigo García é um artista que transita na linguagem  da performance, mas esse não é o território de pesquisa da companhia. Para mim, este espetáculo está dividido em três partes: no começo, o elenco é quase como um mesmo corpo. Estamos trabalhando a linguagem do bufão somada a preparação corporal de Ana Paula Lopez.  Em um segundo momento, o foco é a cumplicidade da relação dos intérpretes com a plateia. Por fim, a cena ganha outro tom, que joga com estereótipos de maneira mais precisa e coreografada”, detalha a diretora. 

Um teatro jovem e combativo

Reconhecida por se dedicar ao teatro jovem, a Cia Arthur-Arnaldo decidiu enfrentar um desafio maior em AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho: continuar a pesquisa sobre o assunto pensando no que faz do teatro um tema de interesse para jovens.

No começo do processo, o coletivo se reuniu com jovens. “No encontro, disseram que uma peça jovem tem crítica social, sede de mover uma estrutura para transformar o mundo, fala do presente para refletir sobre o futuro, não trabalha com estereótipos da juventude e trata de questões ambientais. E ainda arremataram: as gerações mais velhas nos deixaram um mundo destruído para viver”, conta Tuna Serzedello.

Para o grupo, o texto de Rodrigo García reúne todos esses elementos. De acordo com Soledad, o autor provoca e mobiliza nossa mente e sentidos vertiginosamente, para nos acordar de um estado “corpo-máquina”. 

A estreia dessa montagem é uma das ações previstas no projeto “Cia. Arthur-Arnaldo em obras – Jovens Inspirando”, contemplado pela 39ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo.

SINOPSE

Um homem volta frustrado do supermercado e, após espancar sua família, a leva para jantar fora. No cardápio: asinhas de frango frito, tragédia e esperança. Uma saída cotidiana que revela a tragédia da existência contemporânea no seu modo de produção capitalista e a imensa acumulação de lixo.

FICHA TÉCNICA

Direção do espetáculo: Soledad Yunge

Preparação corporal: Ana Paula Lopez

Elenco: Carú Lima, Júlia Novaes e Tuna Serzedello

Texto:  Rodrigo García

Tradução: Soledad Yunge

Iluminação: Junior Docini

Músicas originais: Muepetmo 

Cenário: Julia Reis e Lucas Bueno (estúdio lava)

Figurinos: Rogério Romualdo

Programação visual: Tuna Serzedello

Direção de produção: Soledad Yunge

Assistente de produção: Carú LimaRealização: Cia. Arthur- Arnaldo da Cooperativa Paulista de Teatro
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques

SERVIÇO:

AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho
6 a 29 de abril, às quintas e sextas, às 20h, e, aos sábados, às 18h
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade ( Sala 3) | Endereço: Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro
Ingressos: gratuitos, retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência
Duração: 60 minutos | Classificação: 14 anos

Informações à imprensa 

Canal Aberto Assessoria de Imprensa

Márcia Marques – 11 9 9126 0425 marcia@canalaberto.com.br 

Carol Zeferino – 11 99425 1328 carol@canalaberto.com.br
Daniele Valério – 11 9 8435-6614 daniele@canalaberto.com.br

www.canalaberto.com.br 

Publicado por Cia. Arthur-Arnaldo de Teatro

Fundada em 1996 a companhia sempre pesquisou e atualizou temas sociais e políticos. Resgatou a dramaturgia de Augusto Boal montando dois de seus textos (um deles inéditos nos palcos brasileiros. A partir de 2006, idealizado pela diretora Soledad Yunge, começou um trabalho de pesquisa com textos voltados ao público jovem. Em 2007 a Cia recebeu 5 indicações para o Prêmio FEMSA de Teatro Infantil e Jovem, incluindo a de melhor espetáculo jovem de 2007, e foi contemplada com o Prêmio Myriam Muniz da Funarte para o espetáculo “Bate Papo” do autor irlandês Enda Walsh, até então inédito nos palcos brasileiros. A peça tratava de um assunto sério: bullyng virtual, a repercussão foi tanta que a peça comemorou um ano em cartaz e foi capa de uma matéria sobre o tema na Revista da Folha. Em 2008 encenou o texto “Cidadania” de Mark Ravenhill, recebendo 6 indicações ao Prêmio FEMSA 2008, incluindo a de melhor espetáculo jovem de 2008 e vencendo na categoria de melhor ator para Fabio Lucindo. Recebeu criticas elogiosas nos principais veículos de comunicação: Veja SP, Folha de SP e Estado de SP. Em 2009 a montagem da peça “DNA” que traz pela primeira vez aos palcos paulistas a dramaturgia do inglês Dennis Kelly, um dos mais festejados autores britânicos jovens em um de seus melhores textos, segundo o The Guardian. A peça recebeu 5 indicações ao Prêmio FEMSA, incluindo melhor espetáculo jovem de 2009 e foi convidada para reinaugurar a Sala Carlos Miranda da Funarte em 2009. Em 2011, chegou a vez das redes sociais, e a Cia. estreou o espetáculo Feizbuk do autor argentino José Maria Muscari no evento “Qual é a sua?” voltado ao público jovem no SESC Consolação. A peça vem sendo apresentada com sucesso nas diversas unidades do SESC em SP e inclusive em parceria com a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação). Em 2012 a Cia Arthur-Arnaldo foi indicada ao Prémio FEMSA na Categoria Especial em reconhecimento ao trabalho continuado dedicado ao público jovem. Nosso repertório já foi apresentado em diversas salas de espetáculo: unidades do SESC Consolação, Belenzinho, Pompéia, Vila Mariana, Santos, Santo André, Bauru, SJ Campos, Campinas, Sorocaba; Centro Cultural São Paulo, Centro Cultural da Juventude, Espaço dos Satyros 1, 2 e 3 (Jd Pantanal), Teatro Cultura Inglesa-Pinheiros, Complexo Cultural da Funarte entre outros. Em 2013 e 2014, esteve em cartaz no Centro Cultural São Paulo com a montagem do texto do autor português Tiago Rodrigues “Coro dos Maus Alunos” - a peça foi contemplada pelo edital do Proac de Produções Inéditas e foi indicada ao Prêmio FEMSA nas categorias: autor, elenco e melhor espetáculo jovem; e ao Prêmio CPT 2013 nas categorias: dramaturgia, direção e melhor espetáculo jovem. Em 2014 a Cia. Arthur-Arnaldo estreou o espetáculo infantil "Os Pés Murchos x Os Cabeças de Bagre" , dirigido por Soledad Yunge, em 3 de maio no Centro Cultural São Paulo - Sala Jardel Filho. A peça cumpriu temporada em 2015 no Teatro Cacilda Becker (SP) e participou da Mostra 2014 em Cena, Virada Cultural Paulista e do Circuito SP de Teatro. Em 2015 foi contemplada pela Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo com o projeto #JOVENS que inclui circulação de 2 espetáculos (Coro e Pés Murchos), encontros formativos, 20 oficinas gratuitas para jovens de escolas públicas além da produção de um novo espetáculo. ROLÊ, com texto e direção de Tuna Serzedello, estreou no Centro Cultural São Paulo em 14 de outubro de 2015 e reestreou na mesma sala dia 26 de janeiro de 2016. ROLÊ foi publicado na pela editora Giostri na coleção Dramaturgia Brasileira. Em 2017 o projeto )Entre Jovens( foi contemplado pela 30a edição do Programa Municipal de Teatro para a Cidade de SP e realizou inúmeras vivências com jovens para a criação de uma dramaturgia inédita, além de uma Mostra e uma exposição, com leituras e espetáculos celebrando os 10 anos de repertório jovem da Cia. e a estréia de um novo espetáculo "Mártir" de Marius Von Mayenburg, com direção de Soledad Yunge. Em 2018 a Cia. Arthur-Arnaldo esteve na Alemanha para uma colaboração internacional com o Alarm Theater de Bielefeld para a montagem da peça “Schutzschilde” (Escudos Humanos) da autora portuguesa Patrícia Portela com jovens alemães e refugiados. 2019 marcou a estreia do espetáculo “A Travessia de Maria e seu irmão João” contemplado pelo 23º Cultura Inglesa Festival e a publicação pela Chiado Books da peça “Ato Parental” de Tuna Serzedello resultado do projeto )entre jovens( de 2018.

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